Raza e as luvas

O primeiro colega que encontrou à entrada da oficina, meteu-se com ele.
- Ah! Agora já vens com os sapatos?? Então e o resto?
- Dããã… nem me fales. É assim e pronto!
- Olha que o Chefinho anda ali…!
- Ihhh ! Então vou por outro lado. Arre! É mesmo segunda feira!!
E Raza, virou para o lado direito e dirigiu-se por entre as bancas de trabalho dos colegas para a sua banca, onde o esperavam vários tubos de PVC  para serem cortados de medidas diferentes.
Ao passar pela banca do colega que no momento lixava uma prancha de madeira, percebeu que se lhe desse uma ajuda a endireitar ligeiramente a prancha, ele faria o seu trabalho melhor. Sem pensar duas vezes…
- Oh Armindo! Endireita lá isto! Anda lá que eu dou uma ajuda!
- Ei tá quieto Raza! Não tens luvas e isto tá tudo por lixar!
- Deixa lá isso. Eu pego com cuidado!
Enquanto falava, deitou as duas mãos à prancha de madeira e esperou que o colega pegasse do lado dele. Endireitaram a prancha. E Raza sorriu.
- Tas a ver pá? Assim é melhor!

Contente, deu uma palmada com a mão esquerda, na prancha. A dor que sentiu fê-lo soltar um palavrão!
- F….
- O que foi pá? – perguntou Armindo.
Raza olhou para a mão e viu duas pequenas farpas espetadas em dois dedos.

Conseguiu extraí-las, mas como as feridas começassem a sangrar, voltou ao balneário. Lavou as mãos, desinfectou as feridas, colocou um penso rápido em cada uma e depois de hesitar uns segundos, acabou por calçar as luvas.

Voltou a entrar na oficina e apressou o passo para chegar à sua banca. Os tubos de PVC já se tinham acumulado entretanto e se não começasse a trabalhar depressa, de certeza que não tardaria muito a ser chamado a atenção.


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