Raza não veste o casaco

No refeitório, Raza sentou-se e respirou fundo, antes de se decidir a ir buscar o seu tabuleiro e servir-se.
O almoço cheirava bem, mas ele sentia-se triste e nervoso. Prometeu a si próprio que a tarde daquela segunda feira iria correr melhor.
Ao seu lado sentaram dois colegas já com os tabuleiros cheios e o cheirinho bom que lhe chegou ao nariz, deu-lhe forças para se levantar e ir servir:
- Atão pá?? Hoje não comes?
- Ena… o Raza vai fazer jejum hoje!
-Calma gente. Só estava a descansar um pouco.
- Pois, pois… trabalhaste muito hoje de manhã não foi??
Raza já se tinha afastado e nem percebeu as últimas palavras do colega. Pegou no tabuleiro, e foi se servindo até ao fim do balcão.
De regresso à mesa, os dois colegas já a meio do almoço, comentaram o facto de Raza apenas estar meio fardado. Ainda lhe chamaram a atenção por não ter o casaco vestido e poder sujar a camisola, mas Raza deu uma gargalhada:
- Ó pá! Tu quando vais ao restaurante também te podes sujar e nem por isso trocas de roupa ou vestes uma roupa própria, pois não?
- Ok! Ok! Faz como quiseres!
E a conversa derivou para o fim de semana recém acabado e o que tinham feito e como tinham passado o tempo.
Já no fim, Raza propôs ir ele buscar o café para todos.
Voltava à mesa com um pequeno tabuleiro com três cafés e dois digestivos, quando alguém ao passar por ele, lhe tocou de leve no braço e Raza não conseguiu equilibrar tudo. Virou-se o tabuleiro e tudo o que ía em cima, virou-se para o seu lado. A camisola, ficou toda suja de café e dos digestivos.
O colega que lhe tocara ajudou-o a equilibrar as chávenas e os copos. Mas nada puderam fazer quanto aos líquidos entornados. A camisola de Raza, moderna, quase nova, às riscas fininhas azuis e brancas, estava irremediavelmente manchada. Uma grande manchada acastanhada.

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