Finalmente as coisas pareciam
estar a correr bem. A tarde de segunda feira estava a ser bem mais calma para
Raza. Os tubos estavam já todos cortados. E Raza ajudava agora Rico na
soldagem. Equipamento colocado... farda vestida... a tarde decorria tranquila.
No
intervalo da tarde, Raza e Rico, tomaram apenas um café cada um e prosseguiram
o trabalho. Ao final do dia de trabalho, ambas as bancadas estavam livres de
trabalho. Tudo feito e em ordem.
-
Finalmente! - suspira Raza.
- Sim.
Hoje foi mesmo uma segunda feira daquelas!! - respondeu Rico. - E o teu
ferimento da lasca? Não te dói?
- Não
Rico. Tudo bem. Olha pá, obrigado pela ajuda!! - e Raza dá uma pancadinha nas
costas do amigo, um bocado envergonhado, pela manhã que tivera, por sua culpa.
No
vestiário, enquanto se arranjava para sair, Raza sentiu que o ligeiro zumbido
nos ouvidos, que sentia desde que estivera a cortar tubos ainda antes do
almoço, continuava a apoquentá-lo. Abanou a cabeça várias vezes, mas o zumbido
não parava!
- Então
pá! Agora sacodes a cabeça?? Que se passa? - perguntou-lhe um colega a quem
Raza ía dando uma cabeçada sem querer.
-
Desculpa. É que estou aqui com um zumbido... está a irritar-me...!!!
- Pois!
Eu não te disse para pores os protectores quando estiveste a cortar os tubos? -
comentou de imediato Rico, que ouvira a conversa.
- Ó
Rico...! Com os protectores ou sem eles... aquilo não protege nada! Ouço o
ruído na mesma!
-
Parece-te Raza! Parece-te! - e Rico abanava a cabeça, já sem paciência.
Os dois
saíram da empresa, lado a lado.
- Vá!
Vamos lá embora! Amanhã não te esqueças que tens de vir mais cedo um quarto de
hora. Temos de carregar o carro para irmos prá obra de Vizela. E o melhor
é avisares lá em casa que somos capazes de chegar tarde! - lembrou-lhe Rico
- Sim.
Não me esqueço. Até amanhã Rico!! - despediu-se Raza.
E
desceu o passeio para atravessar a rua, sem olhar nem ouvir o camião que ía
mesmo a passar ali.
Rico
era de reflexos rápidos! Estendeu um braço, puxou-o e Raza caiu no chão, de
costas, mas seguro dum atropelamento violento.
- Porra
pá!! Então não ouviste o ronco do camião??? - gritou Rico.
-
Nã-Não! Nem o vi também... - Raza tremia de susto e de dor, por ter caído.
- Tu
hoje... fo--- -se!! - Rico ajudou-o a levantar, também ele abalado com o susto
de quase ver Raza atropelado.
- Este
zumbido... não há meio de passar... - gemeu Raza.
- Bem,
não fico descansado contigo se não te acompanhar a casa. Vou contigo. Senão
ainda te acontece mais alguma! Se tivesses posto os protectores auriculares,
não tinhas esse zumbido meu idiota!! - decidiu Rico.
E Raza,
cabisbaixo, já não tinha forças para contradizer o amigo.
Aquela
segunda feira, tinha sido mesmo um pesadelo. E pelos vistos, ainda não tinha
acabado.
E
aquele maldito zumbido nos ouvidos...
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