As sapatilhas de Raza



Naquele dia, Raza estava com uma preguiça enorme. Era o «espírito de Segunda Feira» dizia ele…
Entrou na oficina e nem lhe apeteceu vestir a farda habitual (calças, casaco e t-shirt azul marinho, com a sigla da empresa estampada) , nem calçar os sapatos (de sola e biqueira de aço), nem tão pouco as luvas (protectoras).
Os colegas estavam já todos preparados para começar a trabalhar, mas conservavam-se juntos, encostados à porta do vestiário, esperando o toque do relógio de ponto e aproveitando para fumar um cigarro, naquela zona mais arejada e sem o pó de madeira, onde seria proibido foguear. Conversavam sobre o fim de semana que terminara e sobre a preguiça que os invadia a todos, naquela quente segunda feira de Verão.
Raza, deixou-se ficar junto do grupo, e quando lhe chamaram a atenção por se demorar a preparar, respondeu que a roupa que vestira naquele dia, seria a sua roupa de trabalho, porque não conseguia ter forças sequer para trocar de roupa, além de que vinha todo vestido de novo a estrear e sentia-se muito bem assim. Nem a lembrança de que se o encarregado o visse assim, lhe daria um tremendo sermão o conseguiu decidir.
A sineta tocou. Todos se foram dirigindo para o respectivo local de trabalho e começando aos poucos as tarefas individuais que já conheciam.
Raza foi o último a acabar o seu cigarro e a entrar na oficina.
Poucos passos dera ainda, quando uma dor aguda lhe subiu do pé.
- Que raio…???
Virando o pé percebeu que um prego  se espetara na sola da sua sapatilha ADIDAS, perfurando toda a sola e ferindo a planta do pé esquerdo.
Apoiado apenas no calcanhar do pé esquerdo, chegou até ao vestiário, tirou a sapatilha, e verificou o ferimento. Humm… suficientemente importante para sangrar.
Lavou o pé, desinfectou a ferida, colocou um penso rápido após verificar que deixara de sangrar, calçou umas meias limpas que tinha sempre de prevenção no seu cacifo, e então, calçou os sapatos de segurança.

Retirando o prego da sola da sapatilha, verificou que o orifício ficara bem marcado. Praguejou contra o prego que lhe estragara a sapatilha e lhe causara o ferimento e o atraso no início do dia. E sem perder mais tempo, entrou na oficina.

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